ClasSaúde 2011 – Economista do Banco Mundial debate sistema de saúde público-privado

Convidado do primeiro dia do 16º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde, o economista sênior do Banco Mundial André Medici é especializado em políticas de saúde.

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André Medici é especialista em políticas de saúde e estará no primeiro dia do 16º Class

 

Convidado do primeiro dia do 16º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde, o economista sênior do Banco Mundial André Medici é especializado em políticas de saúde. Autor de livros, foi professor e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (RJ) e participou do movimento que resultou, em 1988, na construção do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.

 

Os congressistas deste ano poderão compartilhar experiências com o especialista no dia 25 de maio, dentro do Módulo de Saúde Público-Privado, que acontece no Expo Center Norte, durante a Feira Hospitalar 2011. Confira, abaixo, entrevista com André Medici:

 

Qual a sua expectativa neste ano para o Módulo de Saúde Público-Privado?

AM – O módulo foi estruturado para avançar na discussão de temas atuais nos desafios do setor saúde: a complementaridade das relações entre os setores público e privado e a importância de seu exercício para a sustentabilidade dos sistemas de saúde no Brasil; a discussão entre prioridades de saúde e avaliação de tecnologias para aumentar a eficiência e o valor do produto de saúde entregue a população, destacando a experiência do NICE, na Inglaterra, do Instituto Cochrane, no Brasil, e da ANVISA; a contribuição dos hospitais públicos e privados na preservação ambiental; e a promoção da qualidade, segurança dos pacientes e transparência no setor saúde. Minha expectativa é que se tenha uma discussão muito rica, com novas ideias e cheia de experiências internacionais relevantes para o Brasil.

 

Qual o papel do setor privado hoje no sistema público de saúde brasileiro? Existe de fato uma interdependência entre eles?

AM – Existe. O SUS não poderia existir sem a forte participação do setor privado na prestação e entrega de serviços para a população. De acordo com os dados da Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária do IBGE de 2009, dos 315 mil leitos de internação disponíveis no SUS, 54% pertenciam ao setor privado lucrativo ou filantrópico. No mesmo ano, o Brasil realizou 23,2 milhões de internações, das quais 8,1 milhões em hospitais públicos e 15,1 milhões em hospitais privados. Destas realizadas por hospitais privados, mais de dois terços (10,9 milhões) foram pagas pelo SUS. Portanto, a interdependência entre os dois setores continua sendo muito alta. No entanto, existem áreas onde a coordenação e a interdependência poderia melhorar.

 

Na sua visão, os problemas do SUS se resumem somente a má administração e escassez de recursos?

AM – O SUS representou muitas conquistas para a melhoria da saúde dos brasileiros, mas problemas de gestão, corporativismo e falta de transparência são ainda questões endêmicas. Temas como gestão e transparência parecem estar no centro das preocupações do ministro Alexandre Padilha, quando declarou que a organização do sistema em redes de saúde é uma de suas prioridades. Temas associados à governança já têm encontrado algumas soluções, como as organizações sociais em São Paulo, as parcerias público-privadas que vem crescendo na Bahia, Pernambuco ou em municípios como São Paulo; muitas destas experiências já possuem avaliações positivas. De qualquer forma, é importante que a gestão exija soluções que permitam aumentar a autonomia das instituições, dar liberdade ao gestor em alocar os recursos físicos, humanos e financeiros na combinação mais apropriada para melhorar a eficiência e gerar incentivos adequados para que os profissionais participem com o máximo de seu intelecto e boa vontade no processo. Vale destacar ainda que uma melhor gestão é a melhor forma de combater a escassez de recursos, pois não se pode colocar recursos adicionais em uma administração ineficiente.

 

Existem experiências em saúde de outros países que são bons exemplos a serem reproduzidos no Brasil?

AM – Não resta dúvida que a experiência internacional deve ser uma boa fonte de inspiração para a melhoria dos sistemas de saúde no Brasil e em qualquer lugar. Por exemplo, hoje em dia exportamos a cultura de promoção de saúde através de atividade física, como forma de prevenir a obesidade e doenças crônicas. É o caso do Agita São Paulo. Seus protocolos se transformaram no Agita Mundo, que hoje em dia é uma ONG sediada na Suiça, e são recomendados pela Organização Mundial da Saúde e pelo CDC dos Estados Unidos para o mundo. A experiência brasileira do PSF também é outro produto de exportação com bons resultados. Mas o Brasil também tem muito a aprender em matéria de gestão de saúde, aplicação de protocolos e experiência de cobertura como vem ocorrendo em muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

 

Neste ano o senhor irá moderar a mesa sobre as prioridades em um cenário de muita demanda e poucos recursos. Este é o maior desafio da saúde pública hoje?

AM – Sim. Iremos discutir um dos temas mais importantes para os sistemas de saúde da atualidade, que é o de como definir prioridades.  É um tema fundamental para a interpretação do conceito de integralidade em saúde. É preciso desenvolver metodologias sistemáticas para a inclusão de novos bens e serviços no conceito de integralidade associadas ao cumprimento de três condições: viabilidade orçamentária, evidência científica do protocolo associada ao uso deste bem e serviço e garantia de que a fórmula utilizada é a mais custo-efetiva entre as opções existentes.

 

 

Fonte: FEHOESP

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