Médicos temem exagero na psiquiatria

Um esforço que promete ampliar as definições de doenças mentais está provocando revolta entre profissionais de saúde nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Um painel organizado pela ...

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Especialistas alegam que alterações nas definições de doenças mentais levariam à prescrição de drogas a gente saudável

Um esforço que promete ampliar as definições de doenças mentais está provocando revolta entre profissionais de saúde nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Um painel organizado pela Associação Psiquiátrica Americana propõe mudanças para o guia da indústria farmacêutica para doenças mentais, que determina como os pacientes são diagnosticados e tratados, e se as seguradoras devem arcar com os custos.

A nova edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais deve ser publicado no próximo ano. O rascunho já causa alvoroço entre médicos preocupados com o possível aumento no número de pacientes que deverão ser tratados com medicamentos.

O novo guia deixaria menos rigorosos os critérios de diagnóstico para certas doenças já previstas no manual em vigor e qualificaria como doenças comportamentos considerados normais até agora, como ter acessos de raiva mais de três vezes por semana ou falta de libido.

“As mudanças podem disseminar tratamentos desnecessários e perigosos para pessoas saudáveis”, alerta Allen Frances, psiquiatra que ajudou a definir as linhas de conduta atuais.

“Frustrações cotidianas, sofrimentos e excentricidades estão sendo redefinidas como doenças psiquiátricas e isso pode levar a terapias medicamentosas”, afirma Frances, professor emérito da Universidade Duke que vive em San Diego, na Califórnia. “Isso é uma expansão nas fronteiras da psiquiatria.”

Ele teme que a pressão da indústria farmacêutica para difundir ainda mais o uso de remédios e algumas atrações televisivas que descrevem supostas doenças psiquiátricas possam produzir “uma epidemia”.

Darrel Regir, diretor de pesquisa do grupo que está revisando o guia, afirma que seus críticos partem de uma perspectiva errônea: a crença de que “aconselhamento” é sempre melhor que tratamento farmacológico ou de que “não existem doenças psiquiátricas, que só servem para estigmatizar as pessoas”.

Críticas – Uma carta divulgada em outubro pela Associação Americana de Psicologia e assinada por 10,8 mil pessoas, incluindo psicólogos, psiquiatras e ativistas, critica a revisão do manual. A Associação Britânica de Psicologia escreveu documento semelhante em junho.

A mudança dos critérios para diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma doença que dificulta o controle sobre o foco e o comportamento, mereceu críticas dos especialistas.

No manual em vigor, o diagnóstico de TDAH exige a identificação de, pelo menos, seis sintomas nos adultos, sendo que alguns já deveriam ter se manifestado antes dos 7 anos. Na nova versão seriam necessários apenas quatro sintomas, sem a exigência do seu diagnóstico prévio na infância.

“As definições para as doenças mentais estão se tornando muit0 porosas, estão perdendo sentido”, afirma Frances. “Você trata excessivamente pessoas saudáveis e tira recursos de quem realmente precisa.”

O novo manual também define uma doença chamada Transtorno do Interesse e Excitação Sexual Feminino. A proposta define a doença como falta ou redução do interesse em sexo e fantasias eróticas, normalmente ligada ao estresse.

O Transtorno de Desregulação do Humor Problemático, outra novidade, é caracterizado como explosões temperamentais que ocorrem mais de três vezes por semana, sem proporção com os fatos que as motivaram. “Não há nenhuma evidência científica de que o tratamento desses problemas menores trará algum tipo de melhora nos mais sérios”, diz a psicóloga Donna Rockwell.

Um em cada cinco americanos experimentaram algum tipo de problema mental no ano passado, de acordo com um relatório governamental. De acordo com o NIH, órgão público de pesquisa em saúde, nos Estados Unidos, os custos na área psiquiátrica cresceram 63% entre 1996 e 2006, alcançando o custo de US$ 57,5 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões).

Fonte: O Estado de S. Paulo

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