Notícias

FEHOESP alerta para risco de sobrecarga do SUS
20/06/2016

Dados recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indicam a retirada de 788 mil clientes somente nos cinco primeiros meses do ano, sendo a maioria proveniente dos planos empresariais. Devido à crise econômica muitas empresas realizaram demissões em massa, o que resultou em muitas pessoas sem a cobertura de um convênio médico.
Segundo Yussif Ali Mere Junior, presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, o maior problema é a transferência dessa imensa massa de desempregados rumo ao Sistema Único de Saúde (SUS), agravando o já complicado acesso ao sistema e, mais que isso, implicando em aumento de custos para o poder público, que já enfrenta sério problema de financiamento da saúde.
O acesso universal à saúde está garantido pela Constituição e precisa ser obedecido, mas a questão é que "dar tudo para todos", como prevê a Carta Magna, implica em direitos e esses direitos custam e precisam ter orçamento, avalia.
"Atualmente, o financiamento do sistema é absolutamente insuficiente, já que contando com os investimentos privados, o Brasil investe cerca de US$ 1.000 por habitante/ano enquanto a Suíça, por exemplo, investe US$ 9.276 por habitante/ano na saúde".
O Brasil também é o país que possui um dos menores investimentos públicos em saúde em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Ministério da Saúde. O país investe 4,7% do PIB em saúde enquanto países como Canadá, França, Suíça e Inglaterra investem de 7,6% a 9% do PIB.
O financiamento do sistema tem agora mais esse desafio: o desemprego está empurrando milhões de pessoas para o SUS e é hora de se abrir um grande debate nacional para implantar melhorias, mudando o modelo de atenção, de gestão e de financiamento da saúde. Para isso, Yussif propõe ao novo governo a participação efetiva de todos os que fazem parte da cadeia produtiva da saúde, para juntos definirem novos rumos para uma política nacional de saúde mais eficaz.
Hospitais
A perda de clientes pelos planos de saúde impacta diretamente os serviços conveniados, entre hospitais, clínicas e laboratórios, que prestam serviços a esse setor. A saída para manter o faturamento ou perder menos é cortar custos, diminuir leitos, melhorar a gestão, diminuir o lucro e encontrar alternativas criativas de negócios para sobreviver à crise. O faturamento do setor em 2015 foi de R$ 161,9 bilhões, empregando mais de dois milhões de pessoas no país. Para este ano, há estimativa de estagnação do crescimento.
Para driblar o atual momento econômico de adversidade, novos modelos de negócios estão surgindo ou se organizando, inclusive, no formato de clínicas populares a um custo mais acessível para consultas e exames, bem como serviços de atendimento domiciliar (home care) e alguns nichos como a medicina em caráter preventivo e diversas linhas de psicoterapia.
Apesar da crise, Yussif acredita que o setor seja atingido em menor escala pela crise e que o desemprego na saúde seja inferior se comparado a outros segmentos da economia, pelo fato da saúde trabalhar com uma mão de obra intensiva e especializada.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Publicado em 20/06/2016