Anvisa barra remédio para tratar mieloma

Pacientes de 80 países que sofrem com mieloma múltiplo, tipo de câncer no sangue que não tem cura, encontraram no medicamento lenalidomida a chance de ampliar o tempo de vida com qualidade.

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Pacientes de 80 países que sofrem com mieloma múltiplo, tipo de câncer no sangue que não tem cura, encontraram no medicamento lenalidomida a chance de ampliar o tempo de vida com qualidade. No Brasil, essa possibilidade vem sendo negada há pelo menos quatro anos, desde que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) impediu a comercialização do remédio no País.

A necessidade de ampliar as opções de medicamentos disponíveis para esses pacientes foi o debate proposto pela IMF (Fundação Internacional do Mieloma, na sigla em inglês) América Latina em evento internacional realizado na quinta-feira no Rio de Janeiro.

Segundo o hematologista Paul Richardson, da Escola de Medicina de Harvard e do Dana-Faber Cancer Institute, nos Estados Unidos, antes um paciente com mieloma múltiplo vivia, em média, três anos. Agora, com o avanço das drogas utilizadas, essa sobrevida pode chegar a até dez anos. “Quando há recaídas, que são comuns na doença, o paciente não responde aos remédios utilizados anteriormente. Por isso, é importante ter alternativas que ampliem a sobrevivência dos doentes.”

O Brasil ainda está longe de alcançar a sobrevida dos pacientes norte-americanos, informa o diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular e médico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Angelo Maiolino. “Não há estatísticas confiáveis que apontem quanto tempo se vive com a doença no Brasil. O que sabemos é que há enormes dificuldades no diagnóstico e no acesso aos medicamentos.”

A fase inicial do tratamento inclui quimioterapia associada à talidomida, amplamente utilizada tanto no SUS (Sistema Único de Saúde) quanto na rede privada. Para pacientes de até 70 anos e com condições de saúde favoráveis, é indicado o autotransplante de medula óssea. Quando há recaídas, porém, a única opção, disponível apenas para pacientes de alguns planos de saúde, é o uso do bortezomibe. Para quem depende do SUS a única alternativa é procurar a Justiça.

É isso que a IMF luta para mudar com a aprovação da lenalidomida. Para tanto, enviou à Anvisa documento com mais de 100 especialistas do mundo todo que garantem a eficácia do medicamento. “Não tivemos qualquer resposta”, garante a presidente da entidade, Cristine Battistini.

A Anvisa informou que o processo de registro encontra-se em recurso administrativo e aguarda decisão da Dicol (Diretoria Colegiada da Anvisa). A previsão é que o recurso seja julgado ainda neste ano.

A doença
O mieloma múltiplo é o segundo tipo de câncer de sangue com maior incidência, à frente até mesmo das leucemias. O primeiro é o linfoma. Provoca fratura de vértebras e comprometimento ósseo, dores lombares e na região torácica, lesões na vértebra e compressão da medula óssea. Atinge principalmente idosos acima dos 60 anos, mas é cada vez mais comum em jovens e até mesmo em crianças.

Diagnóstico demora até dois anos no Brasil
A demora na descoberta da doença também é vista por médicos como uma das causas da baixa sobrevida dos pacientes no Brasil. A médica Vania Hungria, da Santa Casa de São Paulo, destaca que, além da possibilidade de combinações medicamentosas, é importante ampliar o diagnóstico precoce. Hoje, levam-se em média dois anos para diagnosticar o mieloma múltiplo.

Ortopedistas e reumatologistas desconhecem a doença e tratam sintomas como simples dores musculares. “O SUS (Sistema Único de Saúde) e os planos de Saúde deveriam incluir no checkup de pessoas acima dos 60 anos exame simples e barato chamado eletroforese de proteínas, que mostra se a pessoa tem mieloma múltiplo”, explica Vania.

Para os especialistas presentes em evento no Rio de Janeiro, o diagnóstico precoce aliado a opções de medicamentos para uso em recaídas seria o quadro ideal para impedir o avanço da doença.

Na região, o advogado Rogério de Sousa Oliveira, 42 anos, morador de São Bernardo, também é ativista da liberação da lenalidomida. Ele foi diagnosticado com mieloma múltiplo em agosto do ano passado, após quatro meses sofrendo com inchaço nas pernas, desconforto nos pés e dores localizadas. “Tive sorte porque descobriram logo o que eu tinha, mas a realidade para a maioria, infelizmente, não é essa.” Em junho deste ano, o advogado fez o autotransplante e agora fará mais sessões de quimioterapia, mas a doença foi totalmente controlada.

Oliveira acredita que a negativa da Anvisa tem a ver com o alto custo do medicamento. Uma caixa com comprimidos para 30 dias custa cerca de R$ 20 mil. “Eles acham que há poucos casos da doença no País para justificar esse gasto.” Ele mesmo não fazia parte do grupo de risco. A IMF (Fundação Internacional do Mieloma, na sigla em inglês) tem 23 mil cadastrados, enquanto o governo estima apenas 1.500 doentes no Brasil.

O advogado tem consciência de que a doença irá voltar. “Ela só está adormecida. Espero que até lá tenha mais opções para tratá-la.”

Fonte: Diário do Grande ABC

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