População médica cresce, mas desigualdade na distribuição continua

Estudo foi realizado pela FMUSP com apoio do CFM e Cremesp

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O Brasil conta, atualmente, com 432.870 médicos, numa proporção de 2,11 profissionais por grupo de 1 mil habitantes. Entretanto, as desigualdades em sua distribuição continuam, com forte concentração nas regiões Sul e Sudeste; a feminização é grande; e é baixa a presença de especialistas no setor público.

Essas são algumas das conclusões do estudo Demografia Médica no Brasil 2015, realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), sob a coordenação do professor de medicina preventiva  da universidade, Mário Scheffer, com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CMF) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), e que foram anunciadas durante coletiva de imprensa realizada no dia 30 de novembro na nova sede do Cremesp.

De acordo com o estudo, a taxa brasileira fica próxima das dos Estados Unidos (2,5), do Canadá (2,4) e do Japão (2,2) e é maior que a do Chile (1,6), China (1,5) e Índia (0,7). Os países com maior número de médicos por habitantes são Grécia (6,1), Rússia (5,0), Áustria (4,8) e Itália (4,1).

Com a abertura de novos cursos de medicina, o governo brasileiro tem como meta alcançar a taxa de 2,6 médicos por 1 mil habitantes. De 2010 até novembro de 2015, foram abertas 71 novas escolas, o que, consequentemente, aumentará a cada ano, o número de concluintes em medicina.

Apesar dos significativos números, ainda há desigualdades na distribuição, fixação e acesso aos profissionais.

As distorções acontecem sob diferentes ângulos. A maioria dos médicos e médicas permanecem concentrados nas regiões Sul e Sudeste, nas capitais e nos grandes municípios. O Nordeste abriga 27,8% dos brasileiros e 17,4% dos médicos. Já o Sudeste responde por 42% da população e por 55,4% dos médicos. As regiões mais proporcionais são o Sul e o Centro-Oeste, que abrigam, respectivamente, 14,3% e 7,5% da população e têm 15% e 7,9% dos médicos do país.

Nas 39 cidades com mais de 500 mil habitantes, que juntas concentram 30% da população brasileira, estão 60% dos profissionais do país. Já nos 4.932 municípios com até 50 mil habitantes, onde moram 65,5 milhões de pessoas, estão pouco mais de 7,4% dos médicos, ou seja, em torno de 31 mil.

“Queremos demonstrar que existe um problema que o governo não quer encarar em relação às condições de trabalho médico”, afirmou o presidente do CFM, Carlos Vital, na coletiva. Segundo o médico, em qualquer lugar do mundo faltam médicos nas pequenas cidades, portanto, se não houver uma iniciativa em se fixar o profissional de medicina no interior, por meio de um programa de qualidade, para que o médico tenha perspectiva de crescimento e de vida, a questão da desigualdade não irá se resolver”. E ainda acrescentou: “o que acontece no Brasil é que, até então, o governo não desenvolveu um projeto para resolver a questão da fixação dos médicos em locais desassistidos e distantes. Abrir escolas não vai resolver o problema, porque os médicos só irão trabalhar em locais onde houver mais de 150 mil habitantes.”

O estudo também incluiu a comparação entre capital e interior. Apesar de responderem por 23,8% da população do país, as capitais brasileiras reúnem 55,24% dos registros de médicos.  Por outro lado, moram no interior 76,2% da população e 44,76% são médicos. A demografia mostra, ainda, que as capitais têm a média de 4,84 médicos por mil habitantes, enquanto no interior essa proporção é de 1,23.

Além disto, encontrar um médico no setor privado é bem mais fácil do que no Sistema Único de Saúde (SUS). A confirmação desta hipótese está na segunda parte do trabalho.

A pesquisa revelou também que 21,6% dos médicos trabalham apenas no setor público, enquanto 26,9% estão exclusivamente no setor privado; 51,5% atual simultaneamente nas esferas pública e privada. Pode-se afirmar que 78,4% dos profissionais têm vínculos com o setor privado e 73,1% com o setor público.

Veja a íntegra do estudo aqui.

 

Fotos: Osmar Bustos

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