Técnica permite regenerar redes de neurônios

Cientistas conseguem implantar circuitos embrionários sadios em cérebros de ratos atingidos por acidentes ou doenças degenerativas e corrigir problemasCom 100 bilhões de cé

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Cientistas conseguem implantar circuitos embrionários sadios em cérebros de ratos atingidos por acidentes ou doenças degenerativas e corrigir problemas

Com 100 bilhões de células, o cérebro humano é um labirinto extremamente difícil de ser percorrido por cientistas que buscam entender como seus complexos circuitos funcionam corretamente. Conseguir restaurar redes danificadas, seja por acidentes ou por doenças degenerativas, significa a cura de problemas como tetraplegia, mal de Parkinson e Alzheimer. Uma equipe de cientistas liderada por um grupo da Universidade de Harvard acaba de dar o primeiro passo para que isso ocorra.

A pesquisa está em fase inicial e foi realizada com ratos, mas os resultados promissores animam o principal investigador, Jeffrey D. Macklis, que há mais de uma década estuda a regeneração dos neurônios, as células funcionais do cérebro. Auxiliado por colegas de várias partes do mundo, ele conseguiu implantar neurônios embrionários, ainda em fase de especialização, em animais com um problema genético que afeta o hipotálamo. O procedimento deu certo, e a equipe foi capaz não só de transferir as células de um rato sadio para um doente, mas de fazer com que elas restaurassem o circuito atingido.

O hipotálamo é uma região extremamente complexa do cérebro, que regula o sistema endócrino, o responsável por manter o metabolismo, a temperatura corporal e a sensação de fome em níveis normais. Essa área também está relacionada ao comportamento sexual, à agressividade e a diversas emoções, como o medo. “Se conseguirmos reparar circuitos danificados nessa região, poderemos, no futuro, encontrar tratamentos mais eficazes para diversas condições, como epilepsia, problemas na coluna vertebral e até mesmo autismo”, contou ao Correio Jeffrey D. Macklis.

A ideia de Macklis não era apenas testar o procedimento – tirar uma célula minúscula do cérebro de um animal e posicioná-la no de outro -, mas verificar se, uma vez transplantado, o neurônio, de fato, recuperaria as funções perdidas. Por isso, ele resolveu trabalhar com animais com um problema no metabolismo que leva à obesidade mórbida. Devido a uma falha genética, os ratos não possuíam receptores de leptina, um hormônio que controla o peso. “Gostaria de deixar claro que nosso interesse não era de forma alguma pensar em um transplante de neurônios para curar obesidade”, destaca Macklis. Porém, como o sistema metabólico é intrincado, ele o achou ideal para testar a eficácia da técnica. Além do mais, esse é o melhor local para estudar células neurais ainda sem especialização.

Especializado em estudos da obesidade, Jeffrey Flier, também professor de medicina de Harvard, juntou-se a Macklis no estudo. Primeiramente, eles induziram o problema nos ratos, manipulando seu DNA, de forma que faltasse no cérebro desses animais o receptor da leptina. “Eles se tornaram absurdamente gordos”, conta Flier. Depois, usaram um aparelho de ultrassom microscópico, para investigar, em roedores saudáveis, onde, exatamente, quatro diferentes tipos de neurônios responsáveis pela recepção do hormônio se localizam. “Foi feito o transplante e, em 20 dias, os ratos que receberam os novos neurônios estavam 30% menos pesados que o grupo de controle. Seus níveis de insulina e de glicose também ficaram normais”, diz.

Segundo Macklis, os cientistas ficaram surpresos com o sucesso da técnica. “Não só conseguimos extrair os neurônios ‘recém-nascidos’ corretos, como, ao serem implantados, eles se integraram ao circuito cerebral dos ratos obesos e passaram a funcionar normalmente”, diz. Por isso, o médico acredita que métodos semelhantes com células embrionárias humanas podem ser o caminho da regeneração cerebral e da coluna vertebral. “Temos muito trabalho pela frente, como nos concentrarmos mais no processo de neurogênese, que é a forma como os novos neurônios se formam, mas já estamos extremamente satisfeitos com os resultados obtidos”, destaca. O próximo passo da equipe é estudar se outras partes do cérebro que sofreram danos ou degeneração também podem ser reconstruídas pelo transplante neural.

Fonte: Correio Braziliense

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