Gigante da saúde investe R$ 10 mi em unidade no Brasil

Líder mundial em produtos de saúde, com receita anual de US$ 103 bilhões, a norte-americana Cardinal Health abrirá unidade no Brasil, a primeira na América do Sul.

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Com o A.C. Camargo, a Cardinal vai montar aparelho que produz radiofármacos para exames e tratamentos

Líder mundial em produtos de saúde, com receita anual de US$ 103 bilhões, a norte-americana Cardinal Health abrirá unidade no Brasil, a primeira na América do Sul.

Na próxima terça, a empresa assina parceria com o Hospital do Câncer A.C. Camargo, de São Paulo, referência em atendimento, ensino e pesquisa oncológica.

O investimento inicial será de R$ 10 milhões e envolve a montagem de um ciclotron, aparelho que produz radiofármacos, usados principalmente em exames de imagem (como tomografias) e tratamentos (radioterapia).

Segundo Irlau Machado, CEO do A.C. Camargo, além de insumos, a parceria com a Cardinal permitirá a abertura de linhas de pesquisas de novos marcadores para o diagnóstico e terapia de várias doenças, como o câncer. “É uma tecnologia muito promissora, e a proximidade com a fábrica nos trará mais ideias e possibilidades de inovação”, diz ele.

John Rademacher, presidente mundial da divisão de medicina nuclear da Cardinal, disse à Folha que só detalhará na próxima terça-feira os projetos que pretende desenvolver no Brasil.

A Cardinal chega ao país em um momento estratégico. O Congresso estuda a quebra total do monopólio estatal da produção e venda de radiofármacos. Nos EUA, o mercado movimenta cerca US$ 6 bilhões por ano.

Parte desse material (radiofármacos de meia-vida curta) já tinha sido liberada para a iniciativa privada em 2006, quando a emenda nº 49 alterou o texto constitucional que garantia o monopólio da União.

Mas o filão desse mercado são os radiofármacos de meia-vida maior, como o tecnésio-99, usado em cerca de 90% dos exames de medicina nuclear no país (cintilografias, por exemplo).

Importação
Hoje o Brasil importa esse material do Canadá, maior produtor mundial. Semanalmente, a matéria-prima do tecnésio (molibdênio-99) chega ao Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), que fraciona o material e o distribui para os serviços de saúde.

Em 2010, o país sofreu uma crise no abastecimento porque o reator canadense – responsável por 40% da produção mundial do molibdênio-99 e por toda a demanda brasileira – parou de operar por problemas técnicos.

Para Jair Mengatti, diretor de radiofarmácia do Ipen, se houver quebra total do monopólio de radiofármacos, a estatal CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) não terá como competir. “Especialmente se mantida a estrutura atual, sem a agilidade gerencial e financeira que grandes multinacionais, como a Cardinal, têm.”

Segundo Irlau Machado, inicialmente o foco da Cardinal no A.C. Camargo será na produção de radiofármacos de meia-vida curta (FDG), usado em um sofisticado exame de imagem, chamado PET-CT, capaz de identificar o câncer em estágio inicial e mostrar em tempo real como o corpo reage ao tratamento.

O A.C. Camargo é a instituição que mais realiza o exame no país – 35 por dia, em média – e gasta R$ 5 milhões anualmente na compra desses insumos. O Ipen é o principal fornecedor.

O Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) também tem um ciclotron que produz esse radiofármaco e abastece, além do instituto, outras unidades do complexo do Hospital das Clínicas que realizam o PET-CT.

Fonte: Folha de S. Paulo

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