Dos navios que passam pela costa do Brasil, 27% têm problemas sanitários

Relatório das inspeções feitas em 41 dos 45 navios de cruzeiro que estiveram na costa brasileira na temporada passada (outubro de 2010 a maio de 2011) mostra que 27%...

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Relatório das inspeções feitas em 41 dos 45 navios de cruzeiro que estiveram na costa brasileira na temporada passada (outubro de 2010 a maio de 2011) mostra que 27% apresentaram número de irregularidades sanitárias superior ao considerado satisfatório pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os problemas vão do armazenamento inadequado de alimentos à falta de condições higiênicas na água oferecida aos passageiros.

Os dados foram divulgados ontem durante o Encontro Anual de Avaliação da Temporada de Navios de Cruzeiro 2010/2011, promovido pela agência no Rio. “Ainda é um número alto. Nosso objetivo é que 100% dos navios cumpram todos os itens sanitários. A partir do momento em que aumenta o número de navios adeptos ao regulamento sanitário, o número de doenças a bordo abaixa”, disse o diretor da Anvisa, José Agenor Álvares.

Segundo ele, não é possível comparar o porcentual entre as últimas temporadas, porque este foi o primeiro levantamento da Anvisa com base no sistema de análise de risco.

Na inspeção, os fiscais listaram os itens sanitários. Quando o navio cumpre 90% deles, o índice é satisfatório – ele foi alcançado por 30 embarcações na última temporada. O pior resultado, 78%, foi o do navio Costa Fortuna, da italiana Costa Cruzeiros. Procurada, a empresa afirmou que segue padrões rígidos para garantir a qualidade dos alimentos e nunca registrou, em 63 anos de operação no País, nenhum caso de irregularidade.

Segundo Álvares, os navios que não atingiram a meta serão fiscalizados com maior rigor na da próxima temporada, que começa no mês que vem.

Entre os alimentos, a maior parte das irregularidades (44%) envolve a existência de materiais em desuso ou estranhos na área de recebimento da comida, como vassouras. Alimentos que não são mantidos sob condições ideais de temperatura e clima correspondem a 26%. Outros 26% dizem respeito a talheres não embalados em invólucros descartáveis – em cruzeiros, o uso de guardanapos para esse fim não é permitido.

Doenças – Apesar das falhas sanitárias, houve queda no total de doentes. Foram 792 em 2010/2011 contra 4.442 casos em 2009/2010. Na última temporada, a maioria dos casos foi de diarreia (466), seguida por influenza (297) e catapora (19). O episódio com o maior número de doentes foi em 23 de março: 53 casos de diarreia em um navio que passou por Recife, Fortaleza e Belém.

Em janeiro de 2009, o neurocirurgião Murillo Drummond, de 82 anos, estava a bordo de um navio quando cerca de 380 passageiros apresentaram quadro de gastroenterite. “Nos deram pouquíssima atenção e explicação sobre o que estava acontecendo”, contou. “Pior que o problema foi a forma como nos trataram. O sogro do meu filho passou muito mal, teve uma hemorragia digestiva. Ele ficou internado por 15 dias”, completou.

Segundo o diretor da Anvisa, as punições às irregularidades sanitárias vão de multa – de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, que pode ser dobrada em caso de reincidência – à interdição da embarcação.

A Anvisa lançou ontem um site (anvisa.gov.br/hotsite/cruzeiros/index.html) com dicas para os viajantes. Ao fim do encontro, hoje, deve ser elaborado o Guia Sanitário de Navios de Cruzeiro.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), André Pousada, não quis se manifestar sobre as irregulares sanitárias por não saber se elas foram constatadas nos navios representados pela entidade. A Abremar representa 20 dos 45 navios que passaram pela costa brasileira na última temporada de cruzeiros e permaneceram mais de seis meses nas águas do País.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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