Cabecear uma bola de futebol pode causar lesão cerebral, diz estudo

Usando imagens feitas por ressonância magnética com tensor de difusão para estudar os efeitos do futebol de cabeceio, pesquisadores descobriram que os jogadores que costumam cabecear ...

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Segundo pesquisadores, quanto mais frequente for a jogada com a cabeça, mais chances existem de um atleta sofrer de degeneração das células cerebrais

Usando imagens feitas por ressonância magnética com tensor de difusão para estudar os efeitos do ‘futebol de cabeceio’, pesquisadores descobriram que os jogadores que costumam cabecear a bola durante os jogos de futebol têm anormalidades cerebrais semelhantes àquelas encontradas em pessoas que sofreram lesões cerebrais traumáticas. Os resultados do estudo foram apresentados nesta terça, 29, na reunião anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia (RSNA).

Considerado parte essencial de um jogo de futebol, e foco de muito treinamento, o cabeceio ocorre quando o jogador acerta a bola de futebol com a cabeça. “Cabecear não é um impacto de tamanha magnitude que irá dilacerar as fibras nervosas no cérebro. Entretanto, quando repetitivo, poderia desencadear um volume de reações que podem levar à degeneração das células cerebrais”, disse Michael L. Lipton, diretor associado do Centro de Pesquisa de Ressonância Magnética Gruss, no Albert Einstein College of Medicina, e diretor médico dos serviços de ressonância magnética no Centro Médico Montefiore, em Nova York.

As imagens conseguidas com auxílio do tensor de difusão DTI (do inglês, diffusion tensor imaging), uma técnica avançada de ressonância magnética, permitiu aos estudiosos avaliar as mudanças microscópicas na massa branca do cérebro, que é composta por milhões de fibras nervosas chamadas de axônios. Essas fibras atuam como cabos de comunicação conectando várias regiões do cérebro.

O DTI produz uma medida, chamada  de anisotropia fracionada (AF), sobre o movimento das moléculas de água ao longo dos axônios. Na massa branca saudável, a direção do movimento da água é bastante uniforme e há medidas altas de anisotropia fracionada. Mas quando o movimento da água é mais aleatório, os valores de AF tendem a diminuir. “A anisotropia fracionada anormalmente baixa dentro da massa branca tem sido associada com a disfunção cognitiva dos pacientes com traumatismo crânio-encefálico (TCE)”, disse o Dr. Lipton.

A equipe de pesquisadores realizou a ressonância magnética DTI em 32 jogadores de futebol amador, com idade média de 30,8 anos, que praticam o esporte desde a infância. Foi estimado quantas vezes, durante um ano, cada um deles teria cabeceado a bola e, em seguida, os jogadores foram classificados de acordo com a frequência da ação. Os estudiosos então compararam as imagens cerebrais dos cabeceios mais frequentes com a dos jogadores e identificaram quais áreas do cérebro os valores de anisotropia fracionada diferiu significativamente.

“Entre os dois grupos, houve diferenças significativas de AF em cinco regiões do cérebro no lobo frontal e na região têmporo-occipital”, explicou Dr. Lipton. “Jogadores de futebol que cabecearam mais frequentemente tinham valores de anisotropia fracionada significativamente menores nestas regiões do cérebro”. As cinco regiões identificadas pelos pesquisadores são responsáveis pela atenção, memória, funcionamento executivo (como o planejamento e a organização) e também as funções visuais de ordem superior – que auxilia na detecção dos estímulos visuais.

Para avaliar a relação entre a frequência do cabeceio e as mudanças na massa branca, os pesquisadores também compararam a magnitude da AF em cada região do cérebro com a regularidade do cabeceio de cada jogador de futebol. “Nosso objetivo foi determinar se existe um limiar para a frequência do cabeceio que, quando ultrapassado, resultará em uma lesão da massa branca que seja detectável”, disse Dr. Lipton.

De acordo com a análise, há um número de aproximadamente mil para 1,5 mil cabeças por ano. Depois que os jogadores verificados pelo estudo superaram esse limiar, os pesquisadores observaram que houve realmente um declínio significativo em suas AFs, nas cinco regiões do cérebro.

“O que nós mostramos aqui é uma prova irrefutável de que há alterações no cérebro que se parecem com a lesão cerebral traumática, como resultado do cabeceio realizado frequentemente”, disse Dr. Lipton. “Dado que o futebol é o esporte mais popular em todo o mundo e é jogado extensivamente por crianças, estas conclusões devem ser levadas em consideração, a fim de proteger os jogadores de futebol de agora e do futuro”.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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