IBGE mostra que a taxa de fecundidade, de 1,86 filho por mulher, está abaixo do índice de reposição populacional
Os brasileiros estão tendo menos filhos, e mais tarde. Estão também optando mais por novos arranjos familiares, sem formalizar o casamento no cartório ou na igreja.
As condições de vida melhoraram na década passada, com mais domicílios tendo acesso a bens de consumo como computadores, telefones ou automóveis. Além disso, mais brasileiros conseguiram um emprego formal e aumentaram sua escolaridade.
Porém, aos dez anos de idade, 7% das crianças ainda não foram alfabetizadas – em 2000, eram 11%.
É, em resumo, um país que avançou na década passada, mas que ainda não perdeu uma de suas características mais marcantes: a desigualdade. A ponto de autodeclarados pretos, pardos ou indígenas terem renda equivalente a cerca de metade da de brancos ou amarelos.
Esses são alguns dos destaques de novos dados do Censo de 2010 divulgados ontem pelo IBGE.
Fecundidade
Pela primeira vez na história deste levantamento, feito de dez em dez anos, a taxa de fecundidade, de 1,86 filho por mulher, ficou abaixo do patamar considerado de mera reposição populacional: 2,1 filhos (a estatística leva em conta a mortalidade infantil).
Em 2000, estava em 2,38 e, em 1960, chegava a 6,3.
Comparando com outras nações, é como se o país tivesse, em 50 anos, saído de uma taxa de fecundidade hoje equivalente à da Somália para se igualar à média atual da Finlândia.
A queda da fecundidade aconteceu em todas as regiões e Estados. Em 2000, apenas três das 27 unidades da Federação (Rio, São Paulo e Distrito Federal) já estavam abaixo do nível de reposição. Dez anos depois, já são 19.
Mesmo no caso do Acre, Estado com maior taxa atualmente (2,8), a evolução histórica mostra uma queda impressionante. Em 1970, eram 9,9 filhos por mulher.
Com a queda da fecundidade, desafios e oportunidades se apresentam. A população ainda crescerá por inércia e por causa do aumento da expectativa de vida até a década de 2040, quando as projeções indicam que começará a diminuir.
No caminho até lá, o Brasil será cada vez mais uma nação com menos crianças e jovens, facilitando a tarefa de aumentar o gasto per capita na infância, porém mais envelhecida, exigindo novas soluções para o sistema de saúde e previdência.
Fonte: Folha de S. Paulo