A dieta das bactérias

O corpo humano tem pelo menos 10 vezes mais células de bactérias do que as próprias células humanas. Esse batalhão de micro-organismos precisa de um delicado equilíbrio.

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Pesquisador brasileiro participa de estudo que mostra como a alimentação pode controlar ou estimular a quantidade de micro-organismos que vivem nos seres humanos. Qualquer desequilíbrio desencadeia infecções e inflamações

O corpo humano tem pelo menos 10 vezes mais células de bactérias do que as próprias células humanas. Esse batalhão de micro-organismos precisa de um delicado equilíbrio. Uma mudança brusca na quantidade de bactérias pode causar infecções e inflamações. Uma pesquisa publicada na edição de hoje da revista Science mostra que a alimentação tem uma forte relação com o tipo de bactérias que habita o organismo humano. Não apenas as pessoas são o que comem, como diz o ditado, mas as bactérias que hospedam também são atraídas pela dieta.

Segundo o doutorando da Universidade Federal de Goiás (UFG) Christian Hoffmann, que atualmente pesquisa na Universidade da Pensilvânia (nos Estados Unidos), dois dos tipos de bactérias estudadas – a Bacteroides e a Prevotella – têm uma forte relação com a alimentação. “Uma terceira bactéria, a Ruminococcus, também foi estudada, mas a ligação dela com a alimentação é mais frágil do que a das outras duas”, explica. “Enquanto a Bacteroides está diretamente ligada à ingestão de proteínas, a Prevotella cresce em intestinos de pessoas com alimentação à base de carboidratos”, conta. A Ruminococcus estaria inicialmente associada ao consumo de álcool e açúcares.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores contaram com a ajuda de voluntários de 18 a 40 anos, que relataram toda a sua alimentação nas 24h anteriores à entrevista – na qual também foram abordados assuntos relacionados à saúde e ao estilo de vida dos participantes. Uma semana depois, amostras das fezes dos pacientes foram coletadas e analisadas para verificação de qual das bactérias predominava no trato intestinal.

As três classes de organismos estão diretamente ligadas a doenças diferentes. Quando a população da Bacteroides cresce mais que o normal, há a chance do desenvolvimento de infecções abdominais e apendicite, por exemplo. O excesso de Provotella está diretamente ligado às aftas, à osteomielite e a problemas urinários. Existem indícios da correlação entre a Ruminococcus e problemas respiratórios e males intestinais. “A ideia é de que, no futuro, se consiga criar tratamentos baseados na alimentação, diminuindo a necessidade de antibióticos e anti-inflamatórios. É como o que acontece hoje com problemas cardíacos, que são tratados, em parte, com uma dieta com menos gordura”, compara Hoffmann.

Manipulação
Definida a relação de alimentos que favoreciam cada bactéria, o passo seguinte foi compreender se seria possível alterar a concentração dessas bactérias manipulando a alimentação. Para isso, os cientistas dividiram os voluntários em grupos, nos quais era fornecida por 10 dias uma alimentação controlada. “Tentamos descobrir se, ao diminuir a quantidade do alimento que favorece cada tipo de bactéria, conseguiríamos diminuir a população bacteriana”, completa o pesquisador da UFG.

O especialista da Universidade da Pensilvânia que coordenou a pesquisa, James Lewis, conta que a segunda etapa da pesquisa mostrou que diminuir a população das bactérias não é uma tarefa fácil. “Acontecem algumas mudanças rápidas, mas essas alterações são muito pequenas comparadas à diferença entre a quantidade dos diversos tipos de bactérias”, disse, em entrevista ao Correio. “O que nos parece mais provável é que as mudanças dietéticas sejam necessárias a mais longo prazo. Isso sim mudaria o perfil bacteriológico do sistema digestivo”, afirma.

Segundo Lewis, agora o grupo de pesquisadores estuda a relação entre a alimentação e as bactérias especificamente em crianças com doença de Crohn, uma inflamação crônica no intestino. “Escolhemos estudar especificamente essa doença porque a dieta é um dos tratamentos mais utilizados rotineiramente”, explica o especialista norte-americano. “Nosso objetivo é aprender se uma dieta projetada especialmente para a doença poderia tratar as bactérias relacionadas à Crohn que vivem no intestino”, completa.

Fonte: Correio Braziliense

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